26 dezembro 2018

Hungary Trip XI Felsőszölnök

Domingo, 21 de outubro de 2018.

Começamos o dia visitando novamente a igreja de Apátistvánfalva, mas dessa vez pudemos entrar e conhecer seu belo interior. Conforme eu mencionei em posts anteriores, essa igreja era, muito possivelmente, frequentada pelos meus antepassados que viveram nas cercanias - em Orfalu e Kétvölgy.

Fiquei surpreso com a beleza do interior da igreja - a julgar pelas austeras fachadas, pensei que fosse mais simples.
Então nos dirigimos à Felsőszölnök, distante apenas alguns quilômetros.
Foi nessa vila que se estabeleceu a família Bajzek!

A história da família, até onde eu tenho informações, remonta até o século XIX, quando nasceram meus bisavós Jozséf Bajzek (1875) e Teréz Talaber (1876). O casal teve 14 filhos, sendo que destes apenas 8 chegaram à vida adulta.  Em 16 de janeiro de 1911, nasceu meu avô Jozséf Bajzek, que veio para o Brasil em 1930, com sua irmã Teréz Bajzek. Dos outros 6 filhos, alguns ficaram na Hungria, e outros foram para o Canadá.
Assim que chegamos à vila, começamos a explorar. Primeiro fomos à igreja, que infelizmente estava fechada (conseguimos entrar mais tarde). Em seguida fomos a um pub local, onde Cecilia tentou descobrir alguma coisa com os sisudos senhores que tomavam cervejas, sem muito sucesso. Depois fomos ao cemitério, e tínhamos uma missão: encontrar a lápide de meus bisavós. Olhamos dezenas, talvez centenas delas. Eu tirava fotografias de todas as lápides com inscrições de algum "Bajzek" (eu sabia entretanto, que podia haver muitas famílias diferentes com esse sobrenome, relativamente comum nas redondezas).
 Após um certo tempo, Cecília teve mais sorte e localizou a lápide! Em ambos os lados desta, mais duas que descobrimos serem de irmãs de meu avô, pelas informações que eu tinha comigo. Fiquei emocionado com o achado!

Cecilia perguntou a uma senhora que ali estava se, por acaso, ela conhecia àquela família. Por um jogo do destino, esta senhora conhecia alguém que cuidava dos jazigos, que não pareciam abandonados, e nos indicou a casa onde morava essa pessoa.
Para lá fomos, muito entusiasmados e até um pouco nervosos.

O senhor que atendeu à campainha nos pediu para entrar, sem cerimônias. Sua simpática esposa e Cecilia começaram a conversar na cozinha - para nossa completa satisfação, ela confirmou a história e disse que conhecia uma senhora de nome Anna Kondor, que dizia ter 'parentes no Brasil'...chego a me arrepiar enquanto relato isso...foi muito incrível. Ela então ligou para Anna Kondor e avisou que estaríamos indo até lá!

Fomos recebidos à porta, e já convidados a entrar, sem necessidade de maiores explicações.

Tomamos pálinka e conversamos bastante sobre os Bajzek. Na verdade eu tirava fotos e filmava as conversas entre Anna e Cecilia, que anotava as novidades em uma folha de papel.


Fomos levados mais tarde a conhecer o exato local onde se encontrava, há mais de 100 anos, a casa da família Bajzek. Hoje há ali apenas um barracão e um poço.

A mata tomou conta do terreno, como se a história ali não importasse mais. E talvez seja assim mesmo...Onde hoje pulsa a vida humana, em cem anos pode nada mais haver, apenas a natureza tomando seu lugar de direito.
Foi uma longa caminhada até o sítio, entre ida e volta, repleta de histórias interessantes e, mais que tudo, de entusiasmo pelas descobertas.
Nosso dia em Felsőszölnök não podia terminar sem um sketch. E assim fomos desenhar a pequena igreja da vila, apesar do frio intenso que fazia.



24 dezembro 2018

Hungary Trip X - Pityerszer / Kétvölgy


Sketches from Pityerszer Open-Air Museum
No sábado, 20 de outubro, visitamos o museu a céu-aberto de Pityerszer, que consiste em um conjunto de construções típicas da região de Őrség.
As casas e armazéns do conjunto foram erguidas naquele terreno e preservam seu mobiliário original, exceto uma, que foi trazida de outro local e ali reconstruída. Essa visita me permitiu ter uma ideia muito real do modo de vida dos habitantes da região nos séculos XIX e início do século XX. Interessante notar os modos construtivos da época, com paredes de barro socado (a nossa 'taipa de pilão') ou mesmo somente madeira. Também é notável as coberturas de palha nas construções.
Entre outras coisas, descobrimos que a maioria das casas eram erguidas em formato de "U", tendo em vista a proteção contra o clima severo, com ambientes voltados para uma área interna. Em algumas casas, a cozinha fica junto aos demais aposentos para o fogão/forno servir também ao propósito de calefação. Enfim, ficamos lá por uma ou duas horas e fizemos alguns sketches.

Pityerszer Museum: "U" shaped house and interiors

They used the attic also as a storage room.
Mais tarde, seguimos para Kétvölgy. Este vilarejo, bastante disperso, foi fundado através da unificação de outros dois: Permise, onde nasceu minha bisavó Teréz Trajber, e Ritkaháza, onde nasceu meu bisavô János Rakkár (na verdade János foi padastro da minha avó Anna).

Views from Ketvölgy (the settlement of Permise in these two pictures)

É um lugar bastante isolado, silencioso e com algo de melancólico. Pelo menos foi essa a sensação que eu tive nas duas ou três que passei por lá naqueles dias.
Cecilia e eu passeamos a pé pela rua principal, tiramos fotos e visitamos o cemitério, na tentativa de encontrarmos lápides com inscrições de nomes conhecidos (Trajber, Mesics, Bajzek, Rakkár).
Depois visitamos o harangláb de Ritkaháza, erguido em 1865, onde eu fiz um desenho rápido.

Above, the sketch of the harangláb of Ritkaháza

Tivemos um dia cheio, já que a noite ainda participamos de um evento local em Orfalu: um passeio noturno pela floresta, que ocorre anualmente, em celebração da cultura eslovena na região, precisamente no que diz respeito a um folclore de bruxas, fantasmas e até demônios. Um tanto sombrio, e um pouco cansativo. Mas foi interessante conhecer um pouco mais sobre a cultura local e até imaginar minha vó e seus irmão se divertindo (ou se assustando) com essas lendas.
Night-walk in Orfalu: legends of witches and ghosts...a little scary!
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On Saturday, October 20, we visited the open-air museum of Pityerszer, which consists of a set of buildings typical of the Őrség region.
The houses and warehouses of the museum were built there (except one, which was brought from another place) and preserve their original furniture. This visit allowed me to have a real idea of ​​the way of life of the inhabitants of the region in the nineteenth and early twentieth centuries. It was interesting to see the construction way of that time, with walls of pounded clay or only wood. Also remarkable is the straw roofs on the buildings.
Pityerszer houses

Among other things, we found that most houses were erected in a "U" shape, in order to create a protection against severe weather, with most rooms facing an internal area. In some houses, the kitchen is next to the other rooms so the stove/oven also served as a heating system. We stayed there for an hour or two and we did some sketches.
Then, we went to Kétvölgy. This largely dispersed village was founded through the unification of two others: Permise, where my great grandmother Teréz Trajber was born, and Ritkaháza, where my great-grandfather János Rakkár was born (in fact, János was my grandmother Anna's stepfather).
Kévölgy is an isolated place, very quiet (maybe too much). At least that was the impression I had in the two or three times I went there. Cecilia and I strolled down the main street, took some pictures and visited the cemetery, trying to find tombstones with inscriptions of my family's names (Trajber, Mesics, Bajzek, Rakkár). Then we visited the Haranglab of Ritkaháza, built in 1865, where I made a quick drawing.


Sketching at Ritkaháza
We also attended a local event in Orfalu: a nightly walk through the forest, which takes place annually, in celebration of Slovene culture of the region, precisely in regard to a folklore of witches, ghosts and even devils. Somewhat obscure and a bit tiring. But it was interesting to know a little more about the local culture and even imagine my grandmother and her brothers having fun (or being scared) with these legends.
A map of the Vendividék region!


20 dezembro 2018

Hungary Trip IX - Őrség and Vendvidék: Orfalu.

No dia 18 de outubro, à noite, chegamos em Szalafő, um vilarejo pertencente ao parque nacional de Őrség, mas com estreita relação com Vendvidék, o 'país dos Vends'.
Szalafő é um localidade composta, na verdade, por 7 agrupamentos conhecidos como "szer". A pousada em que ficamos hospedados situa-se em um deles - "Csörgőszer".
A pousada 'Csörgő Vendégházak' (site) foi uma ótima escolha pois era próxima de todos os locais que eu queria conhecer, além de ter uma boa estrutura e ser aconchegante. O café da manhã era especialmente gostoso, trazido ao nosso chalé pela sra. "Lenke néni".

No dia seguinte (dia 19), seguimos para Orfalu. Eu estava emocionado, sentindo um misto de ansiedade, alegria e uma suave vibração interior. Saber que minha avó materna, nascera neste vilarejo há exatos 100 anos, era o motivo desses sentimentos. Deixamos o carro e começamos a caminhar pelas ruas de chão batido, próximas ao 'harangláb', o pequeno campanário visto nessas fotos e desenho. Esse tipo de construção é comum na região e tem uma função parecida com o campanário de uma igreja - o sino serve como alerta, indica as horas e outros eventos. Este é encimado por uma pequena cruz e tem uma base fechada.
Cecilia foi ao encontro de um senhor para perguntar sobre 'os Trajbers'. Minha bisavó chamava-se Teréz Trajber e minha avó Anna Trajber. O senhor foi simpático e disse não saber de mais nenhum Trajber vivendo nas cercanias, embora tenha dito que provavelmente viveram 'morro acima', apontando para uma colina. Eu estava muito entusiasmado, assim como minha companheira.
Sentamos então para um primeiro desenho do local. Enquanto eu desenhava, sentado no gramado, percebia a quietude daquele lugar. O vento às vezes soprava mais forte, fazendo remexer as árvores próximas...uma sensação intensa foi se apoderando de mim, quando pensei em minha avó. Foi inevitável me emocionar. Cecilia, carinhosamente me abraçou, enquanto eu me acalmava. Não era tristeza que eu sentia. Era, talvez, saudades.
Descemos a rua e paramos para mais um desenho rápido. Dessa vez retratamos o harangláb. Fiz um desenho realista, visando retratar com precisão as formas e proporções, enquanto Cecilia explorava com ousadia as manchas que aquarela provocava no papel.

À esquerda, o 'harangláb' de Orfalu e à direita a igreja de Apatistvánfalva
Mais tarde subimos de carro a colina indicada pelo senhor que mencionei antes. Exploramos mais profundamente a região, perguntando sobre minha família a quem pudéssemos encontrar. Cecilia, felizmente, estava comigo - evidentemente eu não teria condições de me comunicar facilmente com as pessoas.
Terminamos por conversar com um casal de velhinhos que nos convidaram para tomar uma pálinka. A vó desta senhora era Trajber. Mas ela não reconheceu nenhuma das fotos que mostramos, nem chegamos a nenhum vínculo familiar. Mesmo assim, foi muito interessante esse momento. Eles eram muito queridos.
Suavemente relaxados pela pálinka, Cecilia e eu caminhamos mais um pouco, muito animados.

Casal de simpáticos senhores que nos recebeu em sua casa.

Seguimos mais tarde à Apátistvánfalva.
Este vilarejo dista apenas 2 km de Orfalu, e é lá que se encontra a igreja das cercanias. Não foi difícil imaginar meus parentes caminhando, muito tempo atrás, entre uma vila e outra para ir à missa aos domingos. A igreja barroca, finalizada em 1785, domina a paisagem. É alta e robusta, com sua fachada principal escondida por grandes árvores.
Encontrava-se fechada naquela tarde de sexta-feira, o que não nos impediu de explorar um pouco o local. Eu me dirigi ao cemitério, para olhar as lápides, enquanto Cecilia falava com o padre, por telefone, na tentativa de encontrarmos documentos ou outras informações sobre minha família.

Foi um dia intenso e divertido em Vendvidék!

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On October 18, we arrived at Szalafő, a small village at Őrség National Park, with close relation with Vendvidék, the country of the Vends.
Szalafő is, actually, a set of seven tiny colonies, known as 'szer'. The inn we stayed at is at one of them - Csörgőszer.
The 'Csörgő Vendégházak' inn was a very good choice, as it was near to the places I wanted to go to, besides being very cozy. The breakfast was specially good, brought every morning by a smily "Lenke néni", the owner.

The Csörgő inn
On the next morning, we head to Orfalu. I was moved, feeling a mix of anxiety, joy and a gentle inner vibration. To know that my grandmother was born in that very place, a hundred years ago, was the reason of those feelings.
We left the car and started wandering around the village, near the 'harangláb', the small belfry seeing in the pictures and in the drawing above. This type of construction is typical in this region.
After talking to an old man, who pointed out where the 'Trajbers' (my relatives) used to live, Cecilia and I sat on the ground to sketch.


As I was sketching, I noticed how quiet the place was. Sometimes the wind blew stronger, shaking the trees nearby. A strong sensation took over me, when I thought of my grandmother. It was inevitable to get emotional. Cecilia fondly hug me, as I was getting calmer. It wasn't sadness...I just missed my grandmother.

We get down the road and stopped for another sketch. This time we sketched the harangláb. I did a more realistic kind of drawing while Cecilia explored the watercolor with freedom.
We went up the road where the old man told us where the "Trajbers" used to live. We explored the area, asking to anyone we saw, about my family. It was fun! I was glad Cecilia was with me - I would not be able to communicate, of course.
We eventually talked to an old lady whose grandparents were Trajber, but she didn't see any connection. Nonetheless, she and her husband invited us to come inside and offered us a pálinka (a local spirit). It was a great moment. They were very nice.
Feeling happy and a little relaxed by the pálinka, we walked around a bit more.

Then we head to Apatistvánfalva later.


This village is 2 km away from Orfalu and that's where the only church of the region is.
It wasn't difficult to imagine my relatives walking to attend to the Sunday masses a hundred years ago.
The church dominates the landscape. It was build in 1785 in Baroque style.
It was closed that Friday afternoon, but we spent some time around it, looking at the cemetery and sketching.

It was a great day at the Vendvidék!

Church at Apatistvánfalva

19 dezembro 2018

CURSOS EM JANEIRO DE 2019

Estou com dois cursos montados para o início deste ano: Desenho Básico e Desenho Artístico de Arquitetura.
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Para maiores informações, solicite a proposta por email! (email no flyer).


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17 dezembro 2018

Hungary Trip VIII - Balaton


Aquarela feita no sketchbook

Iniciamos, no dia 17 de outubro, nossa viagem pelo interior da Hungria, cujo principal objetivo era conhecer os vilarejos onde meus avós e bisavós nasceram.
A primeira parada foi no lago Balaton, distante a cerca de 120 km de Budapeste e considerado como a 'praia' de Budapeste, dado sua vasta extensão costeira (mais de 200 km). Diz-se que a região fica lotada na alta temporada de verão.
Chegamos em Balatonfüred pela manhã, onde nos encontramos com um casal de amigos da Cecilia, que ali vivem. Fomos muito bem recebidos, com um passeio às margens do lago seguido de um delicioso e suculento almoço.
Pela tarde, Cecilia e eu nos dirigimos à Tihany, uma vila pitoresca que fica na ponta de uma península, e de onde se tem belas vistas do lago. 
Assim que chegamos, fomos surpreendidos com o pedido de uma entrevista para uma rede de televisão húngara. Foi divertido

Em seguida, sem nada hesitar, fomos procurar um cafe local, de onde se tem uma belíssima vista panorâmica do lago. Ficamos ali por horas, tomando café, comendo doces incríveis e, claro, desenhando e pintando. O passeio pela vila ao anoitecer foi especialmente prazeroso.


No dia seguinte, fizemos um tour por diversos vilarejos, parando em alguns para caminhar e explorar. Esses locais me pareceram muito quietos, quase vazios. Andávamos sem cruzar com uma pessoa sequer. Devem, no entanto, ficar bastante movimentados na alta temporada. 

Foi um dia muito tranquilo, e é sempre gostoso viajar de carro descompromissadamente. 
Enfim, nos despedimos do casal e seguimos rumo à Szalafó, onde ficaríamos hospedados pelos próximos dias.

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On October 17, Cecilia and I started a trip to the countryside. Our main focus was to get to know the villages where my family came from. 
Our first stop was at Balatonfüred, a summer resort at Balaton's lake shore, where we met a couple - Cecilia's friends. We were very welcomed! They took us to a nice stroll at the lake shore and later we had a delicious lunch cooked by them.
Later on, Cecilia and I went to Tihany, a small village perched over a hill on a peninsula that stretches into the lake
From there we had an amazing view of the vast and quiet lake. We spent most of our time having fun at a cafe promenade, drinking coffee, eating delicious desserts and, of course, sketching. I did two small watercolors there, one in my sketchbook and another in a loose sheet of paper.
Tihany is such a nice place...it was specially nice wandering its empty streets at dusk. 
On the next day, we all toured around some other villages, stopping to walk and explore in some of them. They look all very, very quiet to me. There were no souls, but us. I wonder how busy those villages are during high season.
Anyways, after saying goodbye to the nice couple, we head to Szalafó, where we stayed to over the next few days.

A spread of my sketchbook with random drawings: some from the car trip around Balaton and a few from the next days

Enjoying Balaton views with tasteful desserts


15 dezembro 2018

Hungary Trip VII - Szent István-bazilika

As I mentioned on my last post, I was working on the drawing of the basilica...It took me a few days to finish it, working bit by bit, very slowly. I just love to develop pencil drawings like that.
It's interesting to imagine I start the drawing on the spot exactly 2 months ago.



09 dezembro 2018

Hungary Trip VI - Szent István

My point of view
No dia seguinte fui até o centro de Budapeste para desenhar a Basílica de Santo Estevão, ou Szent István. Nascido em Esztergom no ano de 975, Szent István é considerado o primeiro rei da Hungria, tendo sido coroado no ano de 1000. Morreu em 1038 e foi canonizado em 1083.
A construção da basílica teve início em 1851, pelas mãos do arquiteto József Hild, e somente foi finalizada em 1905, já sob direção de outro arquiteto.
Assim que cheguei, me posicionei em um dos extremos da esplanada em frente ao edifício. Enquanto realizava o desenho, observava os primeiros movimentos do restaurante em cuja parede eu recostava: a calçada lavada, mesas e cadeiras postas, e assim em diante. Fui simpático com os garçons, que retribuíram me oferecendo uma cadeira. Claro, pedi um café em seguida e acabei almoçando por lá mesmo. Ali comi uma das melhores sobremesas do mundo: a somlói galuska, uma espécie de pavê.



Step-by-step of the drawing (I will post a final version later on)

Fiz o desenho seguindo uma abordagem mais pictórica, adicionando camadas de lápis grafite pouco a pouco, a partir do topo do domo. Desenhei por 2 horas ou mais.
Após o almoço iniciei meu percurso de volta à Budakeszi, onde me encontraria com Cecilia para, juntos, darmos uma aula de desenho para seus alunos, em um curso regular de arte que ela oferece para crianças.
Para mim, foi uma experiência nova trabalhar com crianças. E foi uma ótima oportunidade.

Negative space of a leaf
Cecília me apresentou e então nos dividimos em dois grupos. Eu fiquei com as crianças mais velhas (entre 9 e 12 anos, imagino), para poder falar em inglês. Fizemos inicialmente um jogo de desenho cego de retratos. Em seguida, explicamos às crianças o conceito de 'espaços negativos', usando folhas de árvores.
Mais tarde fomos à rua desenhar! Eu fiz uma rápida demonstração de como desenhar uma casa de esquina, falando sobre ângulos e formatos, enquanto Cecilia me ajudava e traduzia para elas. Então era a hora das crianças praticarem!
Para nossa satisfação elas se divertiram bastante! E para nossa grata surpresa, muitas delas compreenderam os conceitos e fizeram desenhos ótimos. Algumas capturaram, com uma impressionante dose de acerto, as convergências formadas pelas linhas retrocedentes, sem que tivéssemos mencionados questões técnicas de perspectiva, obviamente. Algumas atingiram ainda resultados pictóricos...Foi incrível.

Drawings of the kids - impressive!

Urban Sketching for children!
Mais tarde nos reunimos na casa de Cecília novamente para falarmos sobre os resultados. As crianças estavam super animadas e assim também ficaram os pais que as vinham buscar pouco a pouco.

Cecilia talking about the results with the kids
No dia seguinte fiquei radiante ao saber que algumas delas ficaram desenhando sozinhas por horas em suas casas...
Essa oficina foi um dos melhores momentos que eu tive na viagem.

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Good company for a sketch
On the next day I went by my own to Budapest, to sketch the St. Stephen Basilica.
Born in Esztergom in 975, St. Stephen is considered the very first king of Hungary, being crowned in 1000. He died in 1038 and was canonized in 1083.
The basilica construction began in 1851, under the architect József Hild's direction. It was not completed until 1905.
As soon as I arrived I found a spot across the square, against to a restaurant wall. As I sketched I watched the restaurant waking up, from the guys washing the sidewalk to the ones who organized the tables. As they offered me chair, I asked for a latte. The were nice with me, letting me staying the whole time there, and I eventually had lunch in the place.
As for the drawing, I approached the subject painterly, using graded pencils, from top down.
I spent more than 2 hours, sketching it very slowly.
After having the most delicious dessert - a somlói galuska - I returned to Budakeszi, where met Cecilia. She had invited me to join her art class she teaches every Monday, at her own house. It was the first time I taught to children, and it was a great and rich opportunity.
We split the group in half so I stayed with the old ones - from 9 to 12 years old (I suppose), so I could speak in English. First, we did a blind-drawing portraits game. Then we explained the concept of negative spaces, using leaves - they should paint the negative space of them, which they seemed to understand.

Great moment, surrounded by kids!
After that, we went to the street and I did a quick demonstration of how to draw a house while Cecilia helped me translating to the kids. It was then time to practicing!
For our delight, the kids had a lot of fun. But, what impressed us the most was that some of the kids made really good drawings! Some even got the perspective correctly - in a total intuitive way of course. It was interesting to see them expressing themselves in each particularly way. I was amazed to see even some painterly drawings!
Later on we talked about the results at Cecilia's place. The children were really excited and so were their parents, as they arrive to take them back home.
The next day I was pleased to learn that some of kids spent hours drawing by their own at home...
This workshop was one of the high lights of my time in Hungary.
Kids having fun


28 novembro 2018

Hungary Trip V - Urban Sketchers, Shiva, and Harry Potter

Amanheceu um belo dia em Budapeste, naquele domingo 14 de outubro. Haveria um encontro do grupo Urban Sketchers Budapest pela manhã, em um pequeno museu na Andrássy Ut. Era uma boa oportunidade para eu desenhar e conhecer os sketchers da cidade.
O museu Ferenc Hopp é especializado em arte asiática e havia uma mostra com peças relacionadas ao papel das mulheres e divindades femininas na India, bastante interessante. Fiz apenas dois desenhos, sendo um deles o da deusa Shiva.

A grande maioria das pessoas escolheu desenhar no jardim do museu. Eu me juntei ao grupo, fazendo o desenho de um portal oriental (não sei de que procedência) misturado ao desenho anterior, ou seja, na mesma página. Achei interessante a existência dos dois círculos entrelaçados no desenho.
Ao final do encontro, Cecilia me apresentou ao grupo e eu pude falar um pouco sobre o workshop que daríamos ao final do mês.
Após o almoço, me dirigi sozinho à Hősök tere, ou Praça dos Heróis, ao final da Andrássy Ut. 
É um belíssimo espaço urbano, em cujo centro encontra-se o Monumento do Milênio, que foi erguido em comemoração aos mil anos de história da nação (comemorado oficialmente em 1896). A construção do conjunto arquitetônico e escultórico levou mais de 10 anos para ser finalizada, e ocorreu concomitantemente com a construção da primeira linha de metrô de Budapeste e dos dois museus que margeiam a praça. Vale a pena ver as esculturas em detalhes nesta página.
Após a conclusão do desenho à lápis, tive a ideia do fundo formado pelo céu inscrito em um círculo, inspirado pelo design da página oposta. A execução não ocorreu conforme eu esperava...uma gota escorreu da borda do círculo e percorreu o papel, sob meu olhar pasmado, até o limite da folha (evidentemente eu estava pintando com o caderno virado de cabeça para baixo). Pensei em intervir no momento, secando a gota com um papel mas, por algum motivo, não fiz nada. E assim ficou.

Mais tarde tive que voltar ao museu para recuperar um livro do Harry Potter que a Cecilia havia esquecido em um dos lockers. Tentei explicar em inglês, mas a senhora da recepção não fez a menor questão de me ajudar. Fechou a cara e apenas dizia 'tomorrow', 'tomorrow'...Tive que ligar para a Cecilia na hora e a colocar para falar com a mulher. Enfim, problemas de linguagem à parte, tudo resolvido.
Voltei à praça e, um pouco mais adiante, fiz um outro desenho: o castelo de Vajdahunyad fica à beira de um lago, o que por si só proporciona uma bela cena. Foi construído à mesma época do Monumento do Milênio, ou seja, no século XIX. É um pastiche de diversos estilos arquitetônicos, copiados de construções históricas existentes ao redor da Hungria (no desenho vemos sua porção gótica), mas não deixa de ser muito interessante para ser desenhado.
Ao fim do dia, tomei direção rumo à Budakeszi. Eu estava contente e agradecido pela Cecilia me hospedar em sua casa - ao chegar, dei-lhe um forte abraço.

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It was a beautiful day in Budapest that Sunday, October 14. On the morning, there was a meeting of the Urban Sketchers Budapest group at a small museum in Andrássy Ut. It was a good opportunity for me to draw with and meet the sketchers of the city.
The Ferenc Hopp museum is specialized in Asian art and there was a showcase with pieces related to the role of women and female deities in India. It was quite interesting. I made only two drawings, one of them being that of the goddess Shiva.
Most sketchers chose to draw in the garden of the museum. I joined the group later, making the drawing of an eastern portal, which I mixed with the previous drawing – I mean I drew them both on the same page. I found the two circles interlaced in the drawing quite interesting
At the end of the meeting, Cecilia introduced me to the group and I was able to talk a bit about the workshop me and her would give at the end of the month.



After lunch, I went alone to Hősök tere, or Heroes' Square, at the end of Andrássy Ut.
It is a beautiful urban space, at the center of which is the Millennium Monument, which was erected in celebration of the nation's thousand years of history (officially commemorated in 1896). The construction of the square and its many beautiful statues took more than 10 years to be finished. It is worth to see the statues in detail on this page.

As I was finishing the pencil drawing, I had the idea of ​​the background with the circled shape of the sky, inspired by the design of the opposite page. The execution didn’t happen as I expected ... a drop of paint trickled from the edge of the circle and ran through the paper (obviously I was painting with the sketchbook turned upside down). Not such a big deal, but it bothered me a little. I thought to do something like drying it out with a piece of paper, but for some reason I didn’t do anything - just watched it. And so, it remained like that.

Later, I had to go back to the museum to get a Harry Potter book that Cecilia had forgotten in one of the lockers. I tried to explain in English, but the lady at the front desk did not care to help me. She just kept saying 'tomorrow', 'tomorrow' ... I had to call Cecilia and put her to talk to the woman. Anyway, language problems aside, all solved.


I finally returned to the square and made another drawing: Vajdahunyad castle is on the edge of a lake. It was built at the same time as the Millennium Monument, in the 19th century. It is a pastiche of several architectural styles, copied from historical constructions existing around Hungary (in the drawing we see its Gothic portion), but it is still very interesting to be drawn.

At the end of the day, I made my way to Budakeszi. I was glad and grateful for Cecilia to host me at her house - on arrival, I gave her a warm hug.


24 novembro 2018

Hungary Trip IV - Babka


Meu terceiro dia na Hungria começou cinzento, mas aos poucos foi ganhando cores e se alegrando.
Caminhamos pela floresta, subindo vagarosamente o monte János-Hegy em direção à Budapeste. Era sábado e o parque na colina estava repleto de gente. A temperatura estava muito agradável: uma raridade, segundo me falaram, para um mês de outubro.
Em Budapeste conheci um bairro bastante interessante, com muitos prédios residenciais, todos alinhados à calçada, com uma agradável concentração de restaurantes e cafés. Me lembrou algumas áreas de Buenos Aires e talvez um pouco o bairro de Higienópolis, em São Paulo.



Almoçamos em um ótimo restaurante, caminhamos pela cidade e desenhamos descompromissadamente - coisas aleatórias jogadas no sketchbook, quase preguiçosas.
Exatamente 30 dias depois eu retomei essa página, adicionando mais alguns desenhos com base em fotografias que eu tirei: foi o caso das placas de rua, e das alegorias escultóricas ao pé da página, que encontrei acima do portal da entrada de um edifício.

Esse tipo de 'intervenção' no sketchbook, feita em casa, era quase ultrajante para mim no passado, segundo uma regra autoimposta: "jamais mexa em um desenho ou em uma página após deixar o local".
Bem, eu flexibilizei essa regra, assim como tenho tentado ser mais flexível comigo mesmo (tarefa difícil).
Ao final das contas, eu gosto mais da página assim. E o que é mais importante: eu me diverti desenhando em casa, revivendo um pouco mais desse adorável dia em Budapeste.

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My third day in Hungary started gray, but little by little was getting colors and becoming happier.
We walked through the forest at János-Hegy, the hills that limit the city of Budapest on East.
It was a gorgeous sunny day! The park up the hill was crowded with Budapest citizens, who were enjoying a little bit more of the pleasant temperatures of the mid-season.
I got to know a nice neighborhood in town, with plenty of restaurants and cafes, which reminded me Buenos Aires.


We had lunch at a good restaurant, wandered around and sketched really relaxed - random small drawings on a casual sketchbook page.
Exactly thirty days later, back at home, I added a few more drawings, like the street signs and the figures on the bottom of the page, some things I selected from the photos I took that day.
Such intervention on a sketchbook was forbidden in the past - a self imposed rule. I am more flexible with myself nowadays :)
Anyways, I like the page as it is. And I enjoyed doing it, which is more important, reviving that lovely day in Budapest.