Começamos o dia visitando novamente a igreja de Apátistvánfalva, mas dessa vez pudemos entrar e conhecer seu belo interior. Conforme eu mencionei em posts anteriores, essa igreja era, muito possivelmente, frequentada pelos meus antepassados que viveram nas cercanias - em Orfalu e Kétvölgy.
Fiquei surpreso com a beleza do interior da igreja - a julgar pelas austeras fachadas, pensei que fosse mais simples.
Foi nessa vila que se estabeleceu a família Bajzek!
A história da família, até onde eu tenho informações, remonta até o século XIX, quando nasceram meus bisavós Jozséf Bajzek (1875) e Teréz Talaber (1876). O casal teve 14 filhos, sendo que destes apenas 8 chegaram à vida adulta. Em 16 de janeiro de 1911, nasceu meu avô Jozséf Bajzek, que veio para o Brasil em 1930, com sua irmã Teréz Bajzek. Dos outros 6 filhos, alguns ficaram na Hungria, e outros foram para o Canadá.
Assim que chegamos à vila, começamos a explorar. Primeiro fomos à igreja, que infelizmente estava fechada (conseguimos entrar mais tarde). Em seguida fomos a um pub local, onde Cecilia tentou descobrir alguma coisa com os sisudos senhores que tomavam cervejas, sem muito sucesso. Depois fomos ao cemitério, e tínhamos uma missão: encontrar a lápide de meus bisavós. Olhamos dezenas, talvez centenas delas. Eu tirava fotografias de todas as lápides com inscrições de algum "Bajzek" (eu sabia entretanto, que podia haver muitas famílias diferentes com esse sobrenome, relativamente comum nas redondezas).
Após um certo tempo, Cecília teve mais sorte e localizou a lápide! Em ambos os lados desta, mais duas que descobrimos serem de irmãs de meu avô, pelas informações que eu tinha comigo. Fiquei emocionado com o achado!
Cecilia perguntou a uma senhora que ali estava se, por acaso, ela conhecia àquela família. Por um jogo do destino, esta senhora conhecia alguém que cuidava dos jazigos, que não pareciam abandonados, e nos indicou a casa onde morava essa pessoa.
Para lá fomos, muito entusiasmados e até um pouco nervosos.
O senhor que atendeu à campainha nos pediu para entrar, sem cerimônias. Sua simpática esposa e Cecilia começaram a conversar na cozinha - para nossa completa satisfação, ela confirmou a história e disse que conhecia uma senhora de nome Anna Kondor, que dizia ter 'parentes no Brasil'...chego a me arrepiar enquanto relato isso...foi muito incrível. Ela então ligou para Anna Kondor e avisou que estaríamos indo até lá!
Fomos recebidos à porta, e já convidados a entrar, sem necessidade de maiores explicações.
Tomamos pálinka e conversamos bastante sobre os Bajzek. Na verdade eu tirava fotos e filmava as conversas entre Anna e Cecilia, que anotava as novidades em uma folha de papel.
A mata tomou conta do terreno, como se a história ali não importasse mais. E talvez seja assim mesmo...Onde hoje pulsa a vida humana, em cem anos pode nada mais haver, apenas a natureza tomando seu lugar de direito.
Foi uma longa caminhada até o sítio, entre ida e volta, repleta de histórias interessantes e, mais que tudo, de entusiasmo pelas descobertas.
Nosso dia em Felsőszölnök não podia terminar sem um sketch. E assim fomos desenhar a pequena igreja da vila, apesar do frio intenso que fazia.