19 fevereiro 2018

Dia Inesquecível em Taliesin - Frank Lloyd Wright Sketching Tour XV (02.08.2017)

Sketches feitos em Taliesin - terraço próximo ao teatro, vista da sede, midway barn e visitor center
Este dia foi muito especial. Visitei Taliesin East, a vasta propriedade que FLLW herdou da família, próxima à cidade de Spring Green, em Wisconsin, e onde viveu ou passou temporadas entre 1911 e 1959.
Visitor Center e placa no acostamento da estrada com design inconfundível.
Comecei cedo, me divertindo no Visitor Center, enquanto aguardava o inicio do "Estate Tour", que eu havia reservado meses antes.
O tour começa pela Hillside Home School, a primeira construção da propriedade, projetada por Wright em 1902 para suas tias Jane e Ellen Lloyd Jones.
O arquiteto depois remodelou e expandiu esse conjunto, adicionando o famoso 'drafting room', um teatro e alojamentos para a Taliesin Fellowship - comunidade que proporcionava aprendizado em arquitetura através de um sistema de internato (onde seus aprendizes inclusive colocavam a 'mão na massa', trabalhando no campo e nas frequentes obras do complexo).
Hillside Home School e alguns sketches feitos na primeira parte do tour
Durante esse primeiro trecho da visita, tentei fazer alguns sketches, tomando cuidado para não perder, entretanto, as explanações da experiente guia que nos acompanhava. Infelizmente não havia tempo para fazer desenhos mais elaborados, e não podíamos ficar desacompanhados durante o tour. Notei com atenção os detalhes construtivos que me encantaram desde que era um estudante de arquitetura: o assentamento de pedras, os longos beirais, a elegância das linhas e a comunhão com a natureza e a paisagem local.
Aspecto característico dessa fase do arquiteto: amplos beirais, paredes em pedra e madeira
Serviços de manutenção sendo executados naquele dia

Drafting room com colunas em forma de triângulo invertido.

Teatro com painel de cortina ao fundo.
A segunda parte do tour se deu na pequena casa de Jane Porter, irmã de Wright, no alto de uma colina e próxima ao pequeno e gracioso "Romeo and Juliet Windmill" (moinho de vento). A residência erguida para Jane é um tanto convencional ao se levar em conta o ímpeto criativo de Wright..."Eu quero uma casa, não um experimento", disse a mesma ao irmão, o que explica o motivo da simplicidade da construção.
Romeo and Juliet Windmill e Jane Porter House

Seguimos a pé para a sede da propriedade, passando antes pelos celeiros "Midway Barn", cuja torre com pináculo se destaca.
A aproximação à sede revela gradualmente a construção que se lança sobre uma colina, entre árvores generosas. Chama a atenção a horizontalidade do conjunto (característico do estilo 'Praire'), e o longo terraço que projeta-se à frente do bloco.
Midway Barn e a sede de Taliesin com terraço-mirante destacando-se entre as árvores
Uma intensa caminhada nos levou ao pátio, cercado pelas diversas alas do conjunto (é difícil entender como a construção se organiza pelo terreno - um mapa detalhado ajudaria nesse sentido).
Depois de uns refrescos, avançamos por entre as diversas alas, ora externamente, ora visitando alguns aposentos.
Pátio 

Escada em um dos cantos do pátio
Alguns dos pontos altos da visita são, certamente, o living room e terraço adjacente, o estúdio e o quarto do arquiteto. Fiquei muito entusiasmado tirando fotos das belas e originais lareiras (há dezenas delas), dos caixilhos e cantos de vidro, de objetos de decoração que Wright colecionou durante sua vida, do mobiliário e outras curiosidades.
Muitas lareiras, todas com design original

O famoso terraço-mirante que projeta-se sobre a copa das árvores (infelizmente sem acesso ao público -  mas compreensível)

Alguns pormenores da construção

Estúdio

Ao sair do edifício, passamos mais uma vez pelos belos e bem cuidados jardins que cercam o pátio principal e pude ver ainda um canto um tanto icônico que ilustra muitos livros sobre o arquiteto.
Ao fundo, vista clássica de Taliesin. À frente, um homem cansado mas farto de felicidade :)

Entramos na van e fomo deixados no Visitor Center onde comi um ótimo lanche. Após umas comprinhas na Gift Shop ;), fiz um desenho mais caprichoso. Segui viagem, feliz por ter realizado um sonho!
Vista panorâmica de Taliesin!



12 fevereiro 2018

Manhã de Carnaval...desenhando.

Ontem fui passear e desenhar com minha namorada pelo Elevado João Goulart (o Minhocão) e Higienópolis.
No Elevado, desenhei este edifício antigo, colado à via. Chamou-me à atenção as sombras projetadas pelas pequenas sacadas, seu tom único de cinza que traz unidade à imagem, e até as pichações que conferem um ar de abandono e decadência.
Fiz o desenho utilizando primeiro lápis grafite para capturar as massas gerais do edificio, além de posicionar as sacadas e ajustar a perspectiva. Depois passei para a caneta nanquim, a fim de 'adiantar' o processo, na medida em que torna-se mais fácil definir as arestas e detalhes com linhas. Depois voltei ao lápis escurecendo tons e delineando sombras. A borracha foi utilizada para refinar algumas arestas, criar pontos de luz (vide roupas penduradas nas sacadas), e modelar nuvens.
Essa técnica de construção foi utilizada por mim pela primeira vez em um desenho que fiz a partir da cobertura do Shopping Light, em 2016. Acho que é uma ótima parceria essa entre lápis e nanquim.

Após um almoço 'esquecível' em uma padaria de Santa Cecília, caminhamos em direção a um edifício que chama a atenção de todos os que sobem a rua Aureliano Coutinho, que na esquina com a Marques de Itú torna-se rua Sabará. Trata-se do Edifício Domus, de 1958, projetado pelo casal de arquitetos italianos Maria Bardelli e Ermanno Siffredi, os mesmos que projetaram a famosa Galeria do Rock, no centro da cidade.
É muito interessante a forma curva dos terraços que, como disse o autor do livro São Paulo nas Alturas, Raul Juste Lores, "lembram a proa de um navio, decorados por pequenos furos que evocam um negativo de filme". Acho particularmente interessante também a forma refinada dos terraços à esquerda. Chama atenção ademais, o contraste das curvas com a trama reticular do imenso bloco de apartamentos do edifício Parque Higienópolis.
Neste desenho utilizei caneta Bic preta e markers. Foi dificil tomar a decisão de colorir o desenho que mostrava-se muito elegante somente em traços. Mas eu e minha namorada decidimos que valia a pena arriscar.

01 fevereiro 2018

Jacobs I House - FLLW Sketching Tour XIV (01.08.2017)

Ainda no mesmo dia, peguei o carro e corri para ver mais algumas obras do arquiteto. A que eu estava mais interessado era essa: Herbert and Katherine Jacobs First House, considerada a primeira Usonian House construída pelo arquiteto.
A casa térrea, de 140 m2, parece pequena e reservada vista da rua. Da calçada nota-se apenas as paredes de madeira corrida encimadas por caixilhos, o tijolo à vista de algumas empenas de alvenaria,  os grandes beirais e a garagem discreta, porém audaciosa (está inteira em balanço). Mal se vê a porta de entrada. Dito isso, e entretanto, a casa projetada por Wright e construída em 1937 fora concebida para se abrir para os fundos do lote, com implantação em forma de "L".

Como mencionado acima, esse projeto foi o precursor do sistema de casas 'populares' idealizado pelo arquiteto durante a grande Depressão dos anos 30, conhecido como Usonian. A ideia básica era criar  sistemas construtivos simples, inovativos e com uso de pré-fabricados, minimizando os custos com mão de obra no canteiro, e que atendessem às expectativas de famílias de classe média norte-americanas. Herbert Jacobs solicitou ao arquiteto construir sua casa por $5,000 (atualmente cerca de 90,000 USD ou R$ 315.000,00), o que fora atendido exceto por uma pequena defasagem de 10% ;)
Wright utilizou paredes de sanduíche de plywood (madeira compensada) com 5,7 cm, uma fundação 'radier' (ou seja, de laje maciça de concreto) e até tijolos 'desviados' da construção da fábrica da Johnson Wax, de Racine, segundo 'reza a lenda'. A parte da inventividade deu-se pelo sistema de aquecimento desenvolvido para a casa, com trama de tubos alojados em um colchão de areia, sob a laje de fundação.
Enquanto tirava algumas fotos, uma simpática senhora deu-me a dica para bisbilhotar a casa pela rua lateral, de onde fiz um rapidíssimo sketch enquanto era atacado por mosquitos.
Sketches feitos no local - Jacobs House I (à esquerda), e Taliesin.

Visite este site para mais informações.
Segui ainda, para uma última visita a uma obra de Wright nesse entusiasmante dia: a Walter Rudin House, de 1959 (abaixo).


Monona Terrace Convention Center - FLLW Sketching Tour XIII (01.08.2017)

Um post sem sketches para variar, apenas pois gostaria de compartilhar um local bacana que visitei durante minha viagem pelo estado de Wisconsin nos Estados Unidos.
Após minha visita ao Capitólio, na cidade de Madison, fui conhecer o Monona Terrace, que é um grandioso centro cívico, para convenções e eventos. Segundo o Wikipedia, o local abriga mais de 600 eventos todos os anos, incluindo inúmeras atividades culturais e sociais. 
A obra durou 3 anos e custou 67 milhões de dólares. Neste link do site oficial, você encontra um panorama da história desse projeto grandioso e polêmico, que nasceu na prancheta do arquiteto Frank Lloyd Wright em 1938 e só foi concretizado na década de 1990, depois de muitas modificações, aprovações e cancelamentos.
Eu acessei o complexo pelo belveder de cobertura, que se debruça sobre o lago Monona. O dia era bem agradável, foi gostoso passar alguns instantes observando o lago e tirando fotos dos canteiros de flores.

Depois, procurei a gift shop exclusiva do arquiteto, mas que infelizmente já encontrava-se fechada. Restou-me conhecer uma exposição do fotógrafo Pedro E. Guerrero, que acompanhou Wright durante toda a sua carreira reproduzindo fotos fantásticas de sua obra e relativa intimidade.