26 setembro 2010

Perspectiva a Grafite

Em junho desse ano fiz uma perspectiva de uma portaria para a construtora Exto. Mesmo esquema já empregado em outro trabalho.
Papel Fabriano e grafite. Dei um tom 'quente' no Photoshop, a pedido do cliente.

20 setembro 2010

Estudo em aquarela

Fiz este estudo há um tempo, utilizando uma amostra de papel que ganhei na Pintar.
Este é um Bockingford 425 g/m2, da marca Saunders Waterford. O papel, de tão grosso, é quase um papel-cartão. Tenho comprado papéis Saunders Waterford, que custa metade do preço de papéis Arches, e são excelentes.
Estas são as chaminés de Casa Mila, de Gaudí. Para mim, se parecem com soldados que espreitam a paisagem de Barcelona. De onde Gaudí buscava essas formas?

17 setembro 2010

Sketches da Turma


Durante nossos animados jantares na Ilhabela, eu fiz um sketches rápidos do pessoal.
O Kleber Sales e o Beto Candia, infelizmente não ficaram nada parecidos.
O Olivier Perroy e o Ari Goes, tem alguma semelhança.
Já o Eduardo Belga, o Fabio Eugenio e o Thiago Soares eu acho que consegui captar bem.
Tentar fazer pequenos retratos assim, à caneta, é um bom exercício. Mas estou muito longe do poder de síntese do Cárcamo, que fez esta pequena caricatura minha em, no máximo, 1 minuto.

Faltaram nos links acima:
Helena Ignowski, Alexandre Ricartes, Eleonora Ghivarello e mais algumas simpáticas moças. Todos feras - vale a pena dar uma olhada nos respectivos blogs. Quem dessa lista ainda não tem blog ou site, deviam ter!

15 setembro 2010

Workshop com o Cárcamo

Entre os dias 09 e 12 de setembro fiz um workshop com o grande ilustrador e aquarelista Gonzalo Cárcamo, em Ilhabela. A viagem é longa, a ilha é linda, e o hotel muito agradável. Minha preocupação inicial, que era ser atacado por borrachudos (sou muito alérgico a essa praga), ficou pra trás. Pudera, eu usei calça jeans e tênis o tempo todo, além de gastar um tubo de repelente Exposis. A única picada que tomei foi quando fomos à praia fazer uma aquarela plein-air. No cotovelo.
Bom, o curso foi excelente. O Cárcamo é um cara muito bacana, atencioso, com uma ótima didática. Fala coisas inspiradoras e ver ele pintar é animal (não consegui outra palavra).
Lições aprendidas (ou pelo menos compreendidas):
1 - Podemos substituir o preto (ivory black) pela mistura entre vandyke brown e ultramarine. Que o preto deve ser usado com (muita) moderação todos ouvem falar quando começam a aprender aquarela. O fato é que eu fui esquecendo disso e passei a usar bastante o preto com o tempo. Não para usá-lo isoladamente, mas para escurecer cores. Mesmo assim, é melhor usar a combinação sugerida pelo Cárcamo.
2 - Para criar um degrade sem 'degraus' ou emendas feias, é necessário ter bastante água no pincel ou ter o papel bem úmido. Eu sofri e sofro muito com isso. Já fiz céus que eu odiei como se fossem infernos. E o segredo para o sucesso é manter sempre uma 'barriguinha' de tinta no papel, na qual se emenda a camada inferior. Trabalhar de cima para baixo é lei universal, reforçada agora pelo Mestre.
3 - É preciso brincar mais com as cores, buscar mais combinações.
4 - Todos sabem que o branco da aquarela deve ser evitado, como cor isolada. Mas eu vinha usando o branco para criar tons de pele e chegar a cores específicas, daquelas de catálogo de tinta, recebidas dos arquitetos. Eu ainda não sei como vou mudar isso, mas necessito tentar. Branco, só para (poucos) highlights, e deve ser gouache.
5 - O uso de máscaras líquidas, é permitido, com moderação. Mas só para ilustrações. Para trabalhos pessoais deve-se evitar (palavras do Mestre). Usar sal grosso também. Eu nunca brinquei disso, mas vou brincar.
6 - Simplificar, simplificar, simplificar. Limpar a imagem de referência, ou o que se vê. Não precisamos colocar tudo o que está na referência, muito menos tudo o que está na sua vista.
7 - Preciso desenhar menos nas aquarelas. Costumo fazer uma base muito desenhada, cheia de detalhes. Não precisa (pelo menos para trabalhos pessoais).
E agora, para mim a maior lição de todas:
8 - É preciso ousar. Ousar nas intesidades e nos contrastes. É impressionante como a aquarela "se apaga" alguns minutos depois de pintada, quando já está bem seca. Ou seja, é preciso carregar um pouco mais nas intensidades, para se obter o ponto desejado quando está seca. Quantas vezes já tive essa sensação: Na hora que estou pintando, com a tinta ainda brilhando no papel, está tudo lindo, vivo, iluminado. Quando volto do almoço, ou olho o trabalho no dia seguinte, penso: cadê a aquarela que estava aqui? Quem apagou a luz?
No curso isso ficou mais evidente do que nunca. Principalmente quando vi o Cárcamo pintar um rosto. A hora que ele aplicou a tinta no papel, foi inevitável pensar: "hum...pesou, ficou muito saturado"...bastou a aquarela secar e a surpresa: PERFEITO. O tom exato, na intensidade exata. Coisa de Mestre? Deve ser.
9 - Para ousar, é preciso ter domínio técnico.
10 - Para o trabalho crescer, é preciso produzir muito, muito e muito. Sem medo, sem grandes exigências pessoais. Material de qualidade é fundamental.
Well, para não ficar só no texto aqui vão alguns trabalhos que produzi nestes memoráveis dias em Ilhabela.
Essa é uma pequena construção que fotografei no vilarejo de Ínsua, município de Penalva do Castelo (Portugal), terra natal dos meus queridos avós paternos. Acho que aquarela ficou com um constraste bacana, mas as portas deviam ser bem mais escuras. A sombra, segundo o Cárcamo, deveria ter mais nuances de ocre, e ter ficado menos cinza. Gostei de ter optado por não fazer o céu, e deixar o chão meio 'estourado', como na foto de referência.

Cidade espanhola de Ronda, com esse viaduto fantástico - paisagem de sonho.
Gostei da aquarela, principalmente do céu pintado pelo próprio Cárcamo. Mas faltou luz, faltou vigor, faltou peso.
Essa foi pintada 'plen-air', em frente ao hotel. Levei cerca de uma hora. Acho que foi meu melhor trabalho realizado no curso, porque consegui uma harmonia de cores bacana, um movimento interessante nas palmeiras, e consegui simplicar o que estava vendo (por exemplo, aqueles umbrelones brancos, faziam parte de um quiosque movimentado, cheio de coisas) A praia está deserta não por acaso, mas porque eu não consegui pintar figuras ali. Eu até desenhei algumas, mas na hora de pintar desencanei e passei por cima. A minha desculpa para isso é que o fdps dos borrachudos já estavam me rodeando há um tempo, mesmo com o repelente. FDPs.

Essa é a aquarela que estava linda enquanto estava úmida, e depois se apagou e me deixou frustrado. Nessa hora que começou a cair a ficha. Consegui alguns efeitos interessantes (sugeridos pelo Cárcamo, claro) como movimentar a base pra lá e pra cá, para sugerir o movimento do pêlo da Lapopie (minha gata top model, que nesta imagem parece um gizmo), mas ousei pouco nas cores.
Por fim, e finalmente, o último estudo que eu fiz, já no domingo de manhã. Eu fiz direto, praticamente sem desenho, o que levou a algumas linhas tortas e poucos detalhes (o que pode ser bom). Esta aquarela teve duas fases: quando eu achei que havia acabado, e depois de ver o Cárcamo pintando o rosto na aquarela da minha colega. Não deu outra, voltei para a prancheta e intensifiquei mais os tons. Ok, 'deu certo' no final.

Nossa, que post mais longo, acho que foi meu recorde. Mas também não poderia ser diferente, depois de tanto aprendizado e novidades. Espero que tenham tido paciência de ter lido até aqui.

E vamos em frente, desenhando sempre.

05 setembro 2010

Centro de São Paulo - V

Este sábado, 04 de setembro, fui ao centro de São Paulo desenhar pela quinta vez.
Depois do MercadãoPatio do Colégio, Sketchcrawl 27 e Palacio das Indústrias, dessa vez fui explorar o Vale do Anhangabaú. Tive a agradável companhia de Fabio Corazza e Fernanda Campos.
Fiz 3 desenhos, descritos a seguir:
Monumento à Carlos Gomes.
Este belo conjunto de esculturas fica ao lado do Teatro Municipal, na Praça Ramos de Azevedo e foi criado por Luigi Brizzolara em 1922, para comemorar o Centenário da Independência do Brasil.
Usei nanquim e marcadores cool e warm grey. Devo ter levado uma hora nesse desenho...será? Sinceramente não sei - a conversa estava boa, o dia absolutamente lindo e o local fantástico. O tempo passou rápido, apesar da vontade de tomarmos um café.
Edifício Martinelli.
Este edifício, construído entre 1924 e 1931, foi idealizado e construído pelo italiano Giuseppe Martinelli. Como este não era engenheiro civil, o arquiteto húngaro William Fillinger assinou o projeto.
Se quiser saber mais sobre a interessante história deste edifício, clique aqui, ou compre o livro São Paulo, Artes e Etnias, da Editora Unesp, de onde tirei essa informações.
Quanto ao desenho...que jornada!
Um desafio completo de perspectiva, de atenção e de paciência. Foram cerca de 2 horas para finalizar o desenho. Eu variei bastante o ritmo, começando demoradamente com linhas bem descritivas, acelerando com traços mais fluídos e terminando com linhas que eu chamaria de 'psicografadas'...Brincadeira à parte, percebi que a percepção fica cada vez mais aguçada depois de horas desenhando. O traço vai ficando mais intuitivo. Diminui o delay entre o olhar, o pensar e o desenhar. É como se fosse criado um método de como fazer, para aquele desenho especificamente.
Enfim, arrematei o desenho engrossando alguns traços para separar os planos, já que eu decidi (junto com a Fernanda) não pintar e não fazer sombras.
Caderno fechado, e muita sede.
Esquina com poste e Martinelli.
Uma mesinha vazia. Garganta e corpo secos. O chopp desceu acelerado. Clichê total, quase uma propaganda de cerveja. Salve Jorge ou São Jorge?
Mais um desenho. Começou despretensioso, assim como este já extenso post. Minha idéia era usar apenas uma caneta preta grossa, mas logo pensei nos marcadores. French grey, warm grey, cool grey e pastel beige. Gente passando pra lá e pra cá.
Rapaz, que delícia de dia!
Ir ao centro novamente foi demais.
Ouvir alguns comentários de gente simples que fica curiosa e não resiste em dar uma espiada, é muito bacana. Um cara bem simplão, passou e ficou olhando...
Eu disse:
"Você viu como aquele prédio é bonito?", puxando assunto.
Ele respondeu:
"O prédio é feio, bonito é seu desenho!" Foi um dos melhores elogios que eu recebi na minha vida.
Voltei de metrô pra casa, mas poderia ter voltado pendurado no meu ego, que pairava como um balão sobre São Paulo.
De verdade, voltei FELIZ da vida, não (só) pelo elogio, mas pelo dia inesquecível que passei.